quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Talvez corra para o mar, ou chore lágrimas, ou fique silenciosa, quem sabe também cairia em um precipício? Tentaria inutilmente absorver as dores presentes em mim. O sono profundo seria minha absolvição. Seria libertar do peso das minhas atitudes e escolhas. A cada amanhecer sinto as milhares de sensações voltando, machucando, cortando a carne. A sensação de dor é o que me refaz. Fico refeita e mais forte. Não que seja uma constante, diversas vezes enfraqueço diante dos obstáculos tortuosos. Passo por eles criando uma luta com o meu corpo. Nada fácil! Ora calmaria! Ora tempestade! Sou eu quando não sinto o cheiro de plenitude ou felicidade. Os pensamentos sobrevivem as súbitas lembranças, aquelas que permeiam no seu consciente, em um momento infiel, quando seu ser está debilitado e sem certezas. Retorna ao inicio do fim. O sofrimento vem à tona com uma força descomunal, arrancando todas as suas esperanças e sentidos. Penso que algo existe para desconstruir as imagens presas e tornar o que maltrata real. Sentar à mesa, degustar um vinho, embriagada pelo perfume da saudade, acender um cigarro, escutar uma boa música, deitar no escuro da sua casa, chorar desesperadamente, encolhida entre suas desilusões e que a dor sentida nunca vai cessar. O coração acelera nas batidas, o choro vai diminuindo, o corpo vai perdendo sentido, a melodia vai desaparecendo, os pensamentos vão ficando lentos a medida que os olhos vão fechando...e a noite acaba. Nada melhor que uma noite de sono após uma recaída. Vivo nesse movimento de sentir e lidar com a profunda dor.
Por Ivana Araújo

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